segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O que mais quereis de mim?


Já não tenho me dado todo? Os meus sins e os meus nãos não são todos teus?
Tiraste o melhor de mim, arrancastes o meu orgulho e a alegria cá presa e me exploraste num arco-íris multicor. Já não me pertenço. Fui ao teu encontro e me esqueci. Fiquei. Hoje livremente escravizado, rio o teu sorriso, falo com tua voz, ando com teus passos.
Já não sou todo teu?
O que mais quereis de mim?

Continuo reverente frente ao mistério!



sábado, 16 de fevereiro de 2013

O Sagrado digital


Não tem cor
Não tem peso
Não tem cheiro
Não tem não

Uma infinidade de zeros
Uma infinidade de uns
Pesados, coloridos, velozes

Uma nova criação paralela
Uma nova canção do universo

A verdade abstrata ampliada 
em milhares de bytes pulsantes 
que ordenam e salientes acorrentam 
olhares, corpos, ser e culto. Amém.

Letramento Digital

A letra liberta e aprisiona.


Todo início é chão, tudo é raso, vazio e caótico, até começarmos a transformar o caos em cosmos. 
Assim como fazemos com o espaço que passo a passo desbravamos e o tornamos em aventura ou da mesma forma que  lidamos com o tempo que transformamos em horas e, na memória, em saudade. À medida que crescemos e a visão começa a ganhar horizontes mais longínquos, deixamos de engatinhar e o chão começa a se transformar em céu, o raso ganha profundidade e o vazio  se preenche de sons, cores, gestos e dança. Tudo é aprendizado. Quando o novo se manifesta suscita no homem o desejo de entendimento, dessa forma o ser humano consegue dominar. Aprender é dominar, dominar é transformar o caos em cosmos, é recriar. A letra é capaz de ordenar a bagunça. A alfabetização torna capaz de ler, entender, discernir, interpretar o mundo. Quando o homem recria chama pelo nome, da mesma forma que Deus nas origens. O nome limita, traz pra perto, torna de casa o que era estrangeiro.  De acordo com Agostinho "O homem só ama o que conhece". O nominado pode ser amado. Letrar-se digitalmente é ser capaz de chamar o novo pelo nome, é ser protagonista diante da tecnologia que se revela. É participar do fenômeno de forma autêntica. Na mente humana o fenômeno pode ser conceituado, definido, limitado, letrado.  Liberta o letrado, aprisiona o fenômeno. Desta forma se conquista o mundo.

Fotografia: Cão por Rubens Pessoa